MUNDO – O presidente italiano, Sergio Mattarella, reconduziu formalmente nesta quinta-feira (29) Giuseppe Conte ao cargo de primeiro-ministro para formar um novo governo.
Conte havia renunciado diante da crise governamental italiana, mas uma coalizão entre o Movimento 5 Estrelas (M5E) e o Partido Democrata (PD), que possuem maioria parlamentar, permitiu a manobra.
Conte foi cedo ao Palácio Quirinale, sede da presidência do país, convocado por Mattarella, após realizar duas rodadas de consultas com as forças políticas desde que o primeiro-ministro renunciou em 20 de agosto.
Um porta-voz da Presidência anunciou, após uma hora de reunião, que Mattarella “confiou a Conte a formação de um governo” e que ele aceitou.
Com a decisão, o novo governo terá Conte e os dois partidos que, antes, estavam de lados diferentes no jogo político italiano: o Partido Democrata (PD), de centro-esquerda, liderado por Nicola Zingaretti; e o Movimento 5 Estrelas, grupo antissistema com políticos de diversas matizes do espectro político, liderado por Luigi di Maio.
O Movimento 5 Estrelas, maior vencedor das eleições de 2018, formava o governo com o partido nacionalista de direita Liga. A coalizão, no entanto, acabou desfeita depois que o líder direitista Matteo Salvini entrou com moção de desconfiança contra Conte.
Com a manobra, Salvini tentou forçar a convocação de novas eleições para aproveitar a alta na popularidade e, então, assumir possivelmente a chefia do governo.
Entretanto, Conte renunciou ao cargo de primeiro-ministro, o que deu mais tempo ao Movimento 5 Estrelas para buscar a permanência no governo.
Antes opositor ferrenho ao governo, o PD aceitou conversar com o 5 Estrelas. Ambos admitiram a possibilidade de ceder em certos pontos para evitar que Salvini conseguisse chegar ao poder.
O 5 Estrelas, por exemplo, impôs como condição a redução no número de integrantes no Parlamento. Ao mesmo tempo PD propôs aos antigos rivais uma flexibilização na acolhida de imigrantes.
As conversas mediadas pelo presidente Sergio Mattarella – a Itália é um país parlamentarista – deram certo. Na quarta (28), após idas e vindas na aproximação entre os dois grupos, o Movimento 5 Estrelas e o PD afirmaram ter chegado a um consenso.
Assim, a convocação de Conte nesta quinta para uma consulta foi um rito considerado antessala para a nomeação ou, neste caso, recondução do primeiro-ministro ao cargo.
Abaixo, veja perguntas e respostas sobre o que deve acontecer nos próximos dias e semanas na Itália.
Quando o governo será formado?
Conte deverá voltar a se reunir com Mattarella quando tiver uma lista de ministros em mãos. Isso provavelmente vai demorar alguns dias, nos quais Conte vai redigir um esboço de quais serão as políticas da nova coalizão entre o 5 Estrelas e o PD.
Quando o governo começará a funcionar?
Se Mattarella não fizer objeções a nenhum dos ministros a serem nomeados, eles devem assumir no palácio na semana que vem. Depois disso, Conte precisará passar por um voto de confiança nas duas casas parlamentares.
Ainda há obstáculos?
Sim. As negociações entre o 5 Estrelas e o PD foram apressadas e marcadas por disputas, que devem voltar a acontecer nas disputas tanto por cargos como pela redação do plano de governo. Os dois partidos têm noções muito diferentes do que é uma política ideal em muitas áreas, como reforma da Justiça e economia.
O voto online do 5 Estrelas
Na terça-feira (27), o 5 Estrelas anunciou que iria colocar sua proposta de coalizão com o PD para ser votada pelos seus membros, em linha com o ideal do partido de democracia direta.
Essa votação, que deve acontecer em uma plataforma do partido chamada Rousseau, poderia acabar com o acordo – muitos dos apoiadores do 5 Estrelas enxergam o PD como o símbolo da corrupção do establishment italiano.
As pesquisas de opinião entre os filiados do 5 Estrelas sugerem que o resultado será apertado, e que depende, em parte, da construção das frases que farão o questionamento.
O 5 Estrelas afirmou que o voto acontecerá depois do esboço de um programa em comum, mas antes de Conte voltar a se encontrar com Mattarella com sua lista de ministros.
(FONTE: G1)