MARANHÃO – Morreu nesta quarta-feira (18) o camponês, líder sindical maranhense e fundador do PT, Manoel da Conceição Santos (86). Ele foi um símbolo de luta pela democracia e pelos direitos dos povos dos campos e das florestas.
Nascido na região de Pedra Grande, que pertencia à Coroatá, no Maranhão, Mané, como era conhecido pelos movimentos, lutou toda sua vida pela organização sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais. Começou organizando uma entidade em Pindaré-Mirim (MA) e, daí em diante, sua militância não parou. Participou da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural (CENTRU) e do Partido dos Trabalhadores (PT). Toda sua vida também esteve ligada às forças progressistas das igrejas evangélica e católica.
Boa parte da sua trajetória foi marcada pela resistência à ditadura militar após o golpe de 1964. Tudo começou quando viu as terras dos seus pais sendo tomadas por grandes fazendeiros e, nessas lutas territoriais na região, foi baleado em um dos pés. Mesmo ferido, foi preso e, após alguns procedimentos médicos em São Paulo, teve uma das pernas amputada. Ainda assim, não parou de organizar sindicatos e cooperativas, além de sempre lutar pela reforma agrária. Passou a ser visto pelo governo como um subversivo. Ficou preso por mais de três anos, foi torturado diversas vezes, até que se refugiou em Genebra, na Suíça. Na Europa, realizou diversas palestras e debates com o apoio da Anistia Internacional e demais entidades dos direitos humanos.
Reconhecido pelos movimentos e autoridades, quase concorreu ao cargo de governador do estado de Pernambuco. Em 1994, lançou-se candidato ao Senado pelo PT do Maranhão, mas não foi eleito, apesar dos expressivos 111 mil votos conquistados.
Já com a saúde debilitada, de uns anos pra cá, Manoel havia reduzido suas atividades, mas seguiu dedicando-se às cooperativas que ajudou a criar, através da Central de Cooperativas Agro-extrativistas do Maranhão (CCAMA).