Renato Lage e Márcia Lage.

RIO – A carnavalesca Márcia Lage, de 64 anos, morreu na manhã deste domingo (19), no Rio de Janeiro, vítima de leucemia. A Mocidade Independente de Padre Miguel postou em suas redes sociais um comunicado lamentando a morte da carnavalesca. Ao lado do marido Renato Lage, Márcia voltou para a escola da Zona Oeste em 2024 e comandaria o carnaval da verde e branco esse ano.

“Márcia colocou o seu talento a serviço da Mocidade por diversos carnavais. Novamente, em trabalho conjunto com Renato Lage, ela assina o carnaval de 2025. Comunicamos o luto e a suspensão das nossas atividades sociais por tempo indeterminado, incluindo o ensaio de rua de hoje”, informou a escola.

O velório de Márcia Lage está marcado para a próxima segunda-feira (20) no Cemitério e Crematório Memorial do Carmo, no Caju, às 13h30.

Márcia Lage, ao lado do marido, Renato Lage, foi um dos grandes nomes do carnaval do Rio de Janeiro nas últimas décadas. A dupla fez sucesso na Mocidade, onde o marido assinou os desfiles campeões em 1990, 1991 e 1996.

A última vez em que Renato e Márcia estiveram à frente do carnaval da Verde e Branco de Padre Miguel foi em 2002 com o enredo “O Grande Circo Místico” que rendeu à escola o 4º lugar no carnaval daquele ano.

O intérprete da Mocidade, Zé Paulo Sierra, postou em suas redes sobre Márcia e prometeu um desfile em sua homenagem.

“Descanse em paz, Márcia. Seguiremos honrando seu trabalho todos os dias, e até o desfile faremos muito mais por você. Que Deus te receba na luz e conforte nossos corações.”, escreveu Zé Paulo Sierra.

Fabíola de Andrade, rainha de bateria da Mocidade, também prestou sua homenagem a carnavalesca da escola.

“Márcia Lage, sua partida deixa um vazio profundo em nossos corações, mas sua luz e legado permanecerão eternamente em nossas memórias. Que sua jornada seja de paz, e que, de alguma forma, possamos continuar a honrar sua vida com amor e gratidão. Descanse em paz”.

Além da Mocidade, Márcia e Renato fizeram sucesso no Salgueiro, onde foram vice-campeões em 2008, 2012, 2014 e 2015. Márcia também trabalhou na Portela, Império Serrano, Mangueira, Grande Rio e outras escolas, em mais de 30 anos de carreira.

Ao longo dos anos, Márcia também foi a responsável por produzir desfiles no carnaval de São Paulo, com passagens pelo Império da Casa Verde e Vai Vai.

No início do ano, Márcia e Renato participaram de um quadro no RJ1, quando comentaram sobre o carnaval desse ano e explicaram o enredo da Mocidade, que vai levar para a avenida um pedido de conscientização da humanidade pelo seu próprio futuro.

O enredo é “Voltando para o futuro – Não há limites para sonhar”, que conta com uma viagem intergaláctica para se reconectar com seu brilho.

No sábado (18), o mundo do carnaval também sofreu com a morte do intérprete Luizinho Andanças, que mais vezes defendeu a Unidos do Porto da Pedra. Ele tinha 61 anos. O artista estava internado no Hospital Dom Pedro II, em Santa Cruz, e morreu em decorrência de complicações de um acidente vascular cerebral (AVC).

Governador lamenta

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), divulgou uma nota lamentando a morte de Márcia Lage. Castro disse que a carnavalesca foi “essencial para o brilhantismo do Carnaval do Rio de Janeiro”.

“É com grande tristeza que recebo a notícia do falecimento da carnavalesca Márcia Lage, aos 64 anos. Márcia foi uma artista grandiosa e essencial para o brilhantismo do Carnaval do Rio de Janeiro, contribuindo com importantes escolas de samba. Sua criatividade e talento deixaram um legado inesquecível nos desfiles e nas nossas tradições.

Seu trabalho faz parte da história cultural do nosso estado e continuará vivo nas memórias de todos que amam o Carnaval.

Minhas condolências à família, amigos e ao povo do samba e da Mocidade Independente de Padre Miguel, onde Márcia mais uma vez assina o Carnaval deste ano ao lado do marido, Renato Lage”, escreveu Cláudio Castro.

Grande nome do carnaval

Márcia Leal de Souza Lage, nasceu em 27 de fevereiro de 1960 e teve forte contato com o carnaval na Escola de Belas Artes, quando foi aluna de grandes carnavalescos do Rio de Janeiro, como Fernando Pamplona, Maria Augusta, Marie Louise Nery e Rosa Magalhães.

Em 1981, Márcia foi convidada por Rosa para trabalhar no Império Serrano. Ainda como assistente, Lage trabalhou no Salgueiro e na Tradição.

Ela também atuou como cenógrafa de televisão, antes de conhecer Renato Lage e começar a trabalhar como assistente do carnavalesco, em 1990.

Junto com Renato, Márcia ficou na Mocidade por 12 carnavais. Em seguida, a dupla foi contratada pelo Salgueiro, onde assinaram juntos os carnavais entre 2003 e 2008.

Em 2009, Márcia saiu da escola para assinar sozinha o desfile da Império Serrano, onde foi campeã no grupo de acesso A.

Em 2010, foi para a Mangueira, a convite de Ivo Meirelles, mas foi demitida meses depois.

Em 2011, Márcia retornou ao Salgueiro para cuidar, ao lado do marido, de todo o projeto de cenografia e de fantasias da escola. Os dois assinaram os carnavais da vermelho e branco da Tijuca até 2017. Ela também assinou dois carnavais na Grande Rio (2018 e 2019), além de três carnavais na Portela (2020, 2022 e 2023).