SÃO LUÍS/MA = A Justiça negou a revogação da prisão preventiva de Geraldo Abade de Souza, acusado de ser o mandante do assassinado de sua ex-esposa, Graça Maria Pereira de Oliveira, e também da filha dela, Talita de Oliveira Frizeiro. O crime aconteceu no dia 6 de junho, no bairro Quintas do Calhau, em São Luís.
Dentre as alegações, os advogados de Geraldo pediram que ele saísse da penitenciária porque é pessoa idosa, com doenças do coração e diabetes, e fazer parte do grupo de risco para o novo coronavírus. No pedido à Justiça, a defesa queria que a atual prisão de Geraldo fosse convertida em outras medidas cautelares, ou prisão domiciliar.
Entretanto, a juíza Joelma Souza Santos negou o pedido da defesa nesta quarta-feira (26) usando como argumentos a gravidade do crime cometido e também a necessidade de garantia da ordem pública.
O crime
Graça Maria Pereira de Oliveira tinha 57 anos, enquanto a filha dela, Talita de Oliveira Frizeiro, tinha 27 anos. Ambas foram encontradas mortas dentro de um carro, em casa. Segundo a polícia, o assassino é um pedreiro que trabalhava próximo à casa das vítimas, chamado Jefferson Santos Serpa. Mas o mandante do crime foi o ex-marido de Graça Maria, Geraldo Abade de Souza, que contratou ainda um intermediário para ordenar o ‘serviço’ a Jefferson.
“O autor do crime foi o pedreiro que estava trabalhando na obra que dividia o muro entre a casa das vítimas e a casa vizinha. Ele já tinha acesso à casa das vítimas, pois já estava trabalhando ali desde abril, então a vítima (Graça) já franqueava a entrada dos pedreiros, oferecia água. Inclusive, o executor já tinha ganho dela objetos como liquidificador, micro-ondas, então já era uma pessoa conhecida ali. E era comum ela abrir o portão de casa para que os pedreiros passassem com entulhos”, explicou a delegada Viviane Fontenele, titular da Delegacia Especial da Mulher (DEM).
Segundo a delegada, o pedreiro se utilizou da oportunidade que a vítima dava a ele de ter acesso às dependências da casa.
“Era comum eles chegarem na obra e ir pulando o muro. Então ele pulou o muro e chamou: ‘dona Graça, abra o portão pra mim, por favor!’. Quando ela entrou para pegar a chave, ele já foi por trás e amarrou as mãos, pernas e amordaçou ela, foi quando a filha dela, a Talita, apareceu e ele fez a mesma coisa com ela. No local ele estrangulou a Graça, já a Talita ele matou asfixiada dentro carro”, relatou a delegada.
Ainda segundo a polícia, o mandante do crime, Geraldo Abade, foi para Imperatriz, no sudoeste do Maranhão, para não deixar provas de que ele participou do crime. No entanto, a polícia acabou descobrindo que ele havia sido o mentor de tudo e conseguiu prendê-lo.
O intermediário contratado e o pedreiro Jefferson Santos também foram presos. Em depoimento, Jefferson confessou o crime e disse à polícia que recebeu R$ 5 mil pelo serviço. De acordo com as investigações, Geraldo teria orientado o pedreiro até sobre a forma como as vítimas deveriam ser assassinadas.
“O mandante disse que o pedreiro teria duas opções, ou colocaria os corpos no carro e atearia fogo com os corpos dentro para tentar evitar que polícia identificasse vestígios de que teve assassinato ou ele deixaria os corpos na cozinha, acenderia uma vela e ligaria o gás, para que acontecesse um incêndio e destruísse qualquer vestígio”, contou Viviane Fontenele.
A delegada explicou ainda que o pedreiro só não ateou fogo nos corpos dentro do carro, por medo de chamar a atenção e ser pego no local do crime.
Motivação
Ainda de acordo com a delegada Viviane Fontenele, a motivação do crime seria uma disputa judicial pela divisão de bens entre Graça e Geraldo. Graça era sócia de uma empresa de locação de contêiner e, segundo a família, já tinha, na Justiça, o direito de metade dos bens. Já Talita era enteada de Geraldo e seria a herdeira legítima por parte da mãe.