Lira é reeleito presidente da Câmara dos Deputados.

BRASÍLIA – O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi reeleito nesta quarta-feira (1º) com 464 votos em um quórum de 509 presentes. A vitória era esperada por aliados, que projetavam o apoio de pelo menos 460 dos 513 deputados federais. Lira bate, assim, o recorde de votos dos deputados João Paulo Cunha (PT-SP) e Ibsen Pinheiro (MDB), que venceram o pleito com 434 votos nas eleições de 2003 e 1991, respectivamente.

A vitória de Arthur Lira decorre de um amplo apoio recebido por partidos da esquerda, de centro e da direita em toda a Câmara. Não à toa, a candidatura dele liderou o único bloco parlamentar protocolado por 14 partidos e federações partidárias, que, juntos, somam 496 dos 513 deputados. O leque de apoios foi do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao PL do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Os únicos partidos a ficarem de fora do bloco foram o Novo, que lançou como candidato o deputado Marcel van Hattem (RS), e a federação partidária do Psol e Rede, que lançou o deputado Chico Alencar (Psol-RJ). Ambos os candidatos conquistaram 19 e 21 votos, respectivamente.

Em seu discurso, Lira fez um balanço de seu primeiro mandato e elencou uma série de propostas aprovadas, com diversos acenos às mulheres, aos liberais, aos parlamentares de esquerda e direita, e também ao governo Lula.

Lira disse que é preciso “avançar mais e mais” e falou em “enfrentar imediatamente a questão tributária”. “Com discussão ampla e justa na reforma deste país”, declarou. O governo Lula defende a aprovação de uma reforma no sistema tributário do país e o presidente da Câmara acenou com a aprovação da matéria em até seis meses.

O presidente reeleito também pediu “serenidade” e defendeu a importância de “desarmar os espíritos” e “arrefecer os olhos”. “É preciso respeitar a opinião diversa e compreender o Brasil real”, declarou. “Todos nós queremos um Brasil melhor, mais justo e com mais oportunidade para todos, e é na conversa e no debate civilizado, e principalmente no voto, que se constrói a maioria nesta Casa soberana”, acrescentou.

Lira também fez um aceno de respeito à independência da Câmara ao dizer que, se reeleito, não tolerará decisões de tribunais superiores que invalidem atos da Casa. “Quero, aqui, com muita ênfase, destacar que, se o plenário fala pela vontade da maior parcela dos deputados, se eleito, jamais concordei passivamente com a invalidação de atos por recursos de uma minoria em tribunais superiores”, afirmou.

Na mesma linha de independência, Lira prometeu estabelecer com o governo Lula um “pacto” para “aprimorar e avançar” nas políticas públicas, e não “uma relação de subordinação”. Também prometeu conduzir seu mandato e apoio ao Executivo “a partir da escuta cuidadosa de opinião e sugestão de nossas comissões”.

À direita, Lira fez uma “defesa firme” de seu “agrado” ao direito à liberdade de expressão. “Desde que isso não represente uma ameaça ao único regime que nos concede esse direito, que é a nossa democracia”, comentou.