GOVERNADOR FLÁVIO DINO.

MARANHÃO – No PT, há quem diga que o governador Flávio Dino (PCdoB) tem habilidade na articulação política e trânsito popular semelhantes aos de Lula. Não à toa seu nome já foi aventado como uma possibilidade para encabeçar em 2022 a chapa do partido, que enfrenta dificuldades para manter a hegemonia na esquerda. O ex­-prefeito Fernando Haddad, candidato petista ao Planalto em 2018, tem demonstrado nos bastidores certo incômodo com o protagonismo que o governador do PCdoB vem ganhando no PT. Quando é questionado, Dino costuma sair pela tangente — defende a formação de frente ampla contra o bolsonarismo —, mas dá pistas sobre o futuro. “Uma candidatura à Presidência poderá se colocar se houver um conjunto de forças me apoiando. Se não houver, serei candidato ao Senado”, afirmou a VEJA.

Dino vem se destacando na capacidade de articulação política. No segundo mandato, sua base saltou de nove para dezesseis partidos, entre eles os direitistas DEM e Republicanos. Dos 42 deputados estaduais, só três formam a oposição. “O grupo dos Sarney acabou”, afirma o deputado César Pires, que foi secretário da ex-governadora Roseana Sarney. Outro opositor é o neto do ex-presidente, Adriano, o único da família que hoje tem cargo eletivo, e que revoltou o avô ao abandonar o sobrenome na vida pública (na porta do seu gabinete na Assembleia Legislativa, “Adriano” é o único nome na placa). O ex-presidente considerou aquilo uma “vergonha”. “Quero imprimir uma marca minha”, justifica o deputado estadual. Aos 89 anos, Sarney não quer mais se envolver publicamente com a política, mas diz que Dino tem o direito de prospectar uma candidatura ao Planalto. O governador já esteve com os ex-presidentes Lula e FHC e com Luciano Huck, um possível candidato em 2022. Com o apresentador, teve várias conversas sobre o combate à desigualdade.

Eles não falaram em nenhum momento a respeito de uma parceria política. Ao contrário da esquerda, Dino tem bom trânsito entre os evangélicos, tanto que há um processo contra ele por uso da máquina pública após ter criado 36 cargos de capelão nas forças de segurança estaduais, a maioria para evangélicos e sem concurso, com salários que chegam a 20 000 reais, uma verdadeira fortuna por ali.

A habilidade nas alianças, a postura de encarnar uma esquerda menos radical e alguns projetos certeiros na área social ajudaram a projetar nacionalmente seu nome. Com informações da Veja