BRASIL – O Brasil deu adeus, nesta quinta-feira, a um dos rostos mais conhecidos do grande público, que ajudou a construir a história da TV no país. Após cinco dias internado na UTI do hospital Albert Einstein, em São Paulo, em tratamento contra a Covid-19, Tarcísio Meira morreu, aos 85 anos. Glória Menezes, atriz com quem ele foi casado por 59 anos, também, foi internada no mesmo hospital, mas com sintomas leves, e “deve ter alta em breve”, segundo a assessoria de imprensa da família.
Tarcísio Magalhães Sobrinho nasceu no dia 5 de outubro de 1935, em São Paulo. O sobrenome Meira veio “emprestado” da mãe, Maria do Rosário Meira Jáio de Magalhães, por ser mais sonoro artisticamente e por 13 letras, uma superstição do jovem na época. Seu primeiro sonho profissional foi ingressar no Instituto Rio Branco para se tornar diplomada. Ao ser reprovado na primeira prova, em 1957, desistiu da ideia e acabou investindo definitivamente na carreira de ator.
Maior referência do “galã” duarnte décadas de profissão, Tarcísio construiu uma carreira que se mistura à trajetória da TV brasileira. Ao lado de Glória Menezes, foi protagonista da primeira telenovela diária do país, “2-5499 — Ocupado”, na Excelsior, em 1963, exibida 13 anos após a primeira transmissão televisiva nacional. Tarcísio e Glória eram as grandes estrelas da TV Excelsior após “2-5499 — Ocupado”. Depois, foram mais nove novelas até o casal assinar com a TV Globo. Na emissora carioca, Tarcísio fez sua estreia, também com a mulher, em “Sangue e areia”, em 1967, que inaugurou a faixa das 20h na teledramaturgia da casa.
Três anos depois, Tarcísio ajudou a mudar o público dos folhetins, ao protagonizar “Irmãos Coragem”, trama de Janete Clair desenvolvida para despertar também o interesse do público masculino, numa época em que novelas eram consideradas um produto essencialmente voltado às mulheres. O ator viveu João Coragem que, ao lado dos irmãos interpretados por Cláudio Cavalcanti (1940-2013) e Cláudio Marzo (1940-2015), desafiavam a autoridade do Coronel Pedro Barros (Gilberto Martinho). A trama, na qual o ator também fez par romântico com Glória Menezes, se tornou um dos maiores sucessos da teledramaturgia brasileira. Segundo o site do projeto Memória Globo, a audiência do penúltimo capítulo foi maior que a da final da Copa do Mundo de 1970. “Foi a primeira novela que os homens admitiam que viam. Até então, eles viam meio escondidos, porque novela era coisa de mulher”, explicou o ator ao site.
Ao longo da carreira, Tarcísio atuou em mais de 60 obras na TV, entre novelas, minisséries e especiais. Seu último trabalho na TV Globo foi a novela “Orgulho e paixão” (2018).
Amor, teatro e TV
Em 1957, após desistir da carreira de diplomata, Tarcísio estrelou peças como “Chá e simpatia“, de Robert Anderson, e “Quando as paredes falam”, de Ferencz Molnar. Em 1959, dividiu o palco com Sérgio Cardoso em “Soldado Tanaka”, de George Kaiser.
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Em 1960, ainda no teatro, o jovem de 25 anos e 1,85m viu Glória pela primeira vez.